Simples Nacional pode atuar no Exterior?

novembro 20, 2024

Expandir os negócios para o mercado internacional é um grande passo para muitas empresas, e uma das dúvidas mais comuns é: “Minha empresa pode emitir notas para outros países, mesmo sendo optante pelo Simples Nacional?”. Além disso, empreendedores se perguntam como funciona a emissão de invoices, se há diferença em relação à nota fiscal e como lidar com questões cambiais. Neste artigo, vamos responder a essas dúvidas e mostrar como sua empresa pode operar no mercado exterior de forma eficiente.

Minha Empresa Pode Emitir Notas para Outros Países?

Sim, empresas brasileiras, inclusive as que estão enquadradas no Simples Nacional, podem realizar exportações e emitir notas fiscais para vendas de produtos ou prestação de serviços no exterior. O Brasil incentiva a participação de pequenas e médias empresas no comércio internacional, e não há impedimento legal para que as empresas do Simples Nacional exportem.

No entanto, é importante entender que o processo de emissão de notas fiscais para o exterior tem algumas diferenças em relação às vendas no mercado interno.

Como Emitir Nota Fiscal para Outros Países

Quando uma empresa optante pelo Simples Nacional realiza uma venda para o exterior, ela precisa emitir uma Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) específica para exportação. Essa nota fiscal deve conter as informações sobre o destinatário estrangeiro e os dados da transação de acordo com as regras estabelecidas pela Receita Federal.

A seguir estão alguns pontos importantes sobre a emissão de NF-e para exportação:

  1. CFOP (Código Fiscal de Operações e Prestações): Para exportações, utiliza-se um código específico para indicar que a mercadoria está sendo vendida para outro país. No caso de vendas de produtos, o CFOP normalmente utilizado é o 7.101 (venda de produção do estabelecimento para o exterior).
  2. Dados do Importador: A NF-e para exportação deve conter as informações do comprador no exterior, como nome da empresa, endereço e país. O campo do CNPJ ou CPF não é obrigatório, pois o comprador internacional não possui esses documentos.
  3. Impostos: As exportações de mercadorias pelo Simples Nacional são, em geral, isentas de tributos como ICMS, IPI, PIS e COFINS. No entanto, é fundamental consultar um contador ou especialista em comércio exterior para garantir que sua empresa está cumprindo todas as obrigações fiscais corretamente.
  4. Conversão de Moeda: Na emissão da NF-e, os valores devem ser informados em reais (R$), mesmo que a transação seja realizada em outra moeda, como dólares ou euros. Isso garante que o valor da venda esteja de acordo com a legislação fiscal brasileira.

Posso Ser do Simples Nacional e Atuar no Exterior?

Sim, empresas optantes pelo Simples Nacional podem vender seus produtos e serviços para o exterior sem problemas. O regime Simples Nacional foi criado para simplificar a tributação das micro e pequenas empresas, e ele também permite a realização de exportações.

Entretanto, existem algumas particularidades para quem faz negócios fora do Brasil:

  • Limite de Faturamento: O Simples Nacional possui um limite de faturamento anual de até R$ 4,8 milhões. As exportações também são contabilizadas nesse limite. Se o faturamento com vendas para o exterior somado às vendas no mercado interno ultrapassar esse valor, a empresa pode ser desenquadrada do Simples Nacional e deverá optar por outro regime tributário, como o Lucro Presumido ou Lucro Real.
  • Incentivos Fiscais para Exportação: Uma vantagem para empresas que exportam é a isenção de alguns impostos, como ICMS, IPI, PIS e COFINS, sobre as vendas externas. Isso significa que o produto ou serviço enviado ao exterior pode ter um custo final mais competitivo.
  • Atuação em Outros Países: Empresas do Simples Nacional podem prestar serviços ou vender produtos para outros países sem necessidade de abrir uma filial no exterior. Porém, se a empresa desejar ter uma presença física em outro país, será necessário seguir as regulamentações locais, o que pode envolver a abertura de uma nova empresa no país de destino.

É importante também destacar que o sócio responsável pela empresa não pode ter uma residência fixa no Exterior, é necessário que esteja ou haja um representante no Brasil. Caso a Receita Federal identifique essa irregularidade, a empresa poderá ser removida do Simples Nacional.

Como Emitir uma Invoice?

Além da nota fiscal, ao realizar uma venda para o exterior, é comum que a empresa brasileira emita uma invoice. Mas afinal, o que é uma invoice e como emiti-la?

A invoice é o equivalente à fatura comercial internacional. Ela é um documento essencial para transações de comércio exterior, utilizado tanto pelo exportador quanto pelo importador. A invoice contém informações detalhadas sobre a venda, tais como:

  1. Dados do Exportador e do Importador: Nome, endereço e outras informações de ambas as partes.
  2. Descrição dos Produtos ou Serviços: Especificações completas dos itens vendidos, incluindo quantidade, peso, valor unitário e valor total.
  3. Condições de Pagamento: Forma e prazos de pagamento acordados entre as partes.
  4. Condições de Entrega: Os termos de entrega, geralmente estabelecidos segundo regras do Incoterms (como FOB, CIF, etc.), que definem a responsabilidade de cada parte sobre o transporte e seguro.

Passos para Emitir uma Invoice

  1. Obtenha um Modelo de Invoice: Não há um formato padronizado para invoice, mas é comum utilizar modelos disponíveis em softwares de gestão empresarial ou criar o seu próprio, desde que contenha todas as informações exigidas.
  2. Preencha Corretamente as Informações: Insira os dados do comprador, vendedor, descrição dos produtos, valor da transação e condições de pagamento. Lembre-se de que a moeda utilizada na invoice será aquela acordada entre as partes, como dólares, euros ou qualquer outra.
  3. Envie ao Importador: Após emitir a invoice, envie-a ao comprador no exterior. Esse documento é importante para que o importador faça o desembaraço aduaneiro e para comprovar a transação junto às autoridades fiscais e alfandegárias.

A Emissão de Invoice Anula a Necessidade de Nota Fiscal?

Não, a emissão de uma invoice não anula a necessidade de emitir uma nota fiscal. Esses dois documentos possuem finalidades diferentes:

  • Nota Fiscal Eletrônica (NF-e): A nota fiscal é obrigatória para que a Receita Federal do Brasil tenha o registro da transação de venda ao exterior. Ela é usada para fins fiscais e tributários dentro do Brasil.
  • Invoice: A invoice é exigida no âmbito internacional, servindo como um comprovante para o importador e para os processos de importação e desembaraço no país de destino.

Portanto, ao realizar uma venda internacional, a empresa precisa emitir tanto a nota fiscal eletrônica quanto a invoice. Ambas desempenham papéis cruciais, um no âmbito nacional (Brasil) e outro no internacional.

Preciso de um Banco que Converta a Moeda em Real?

Sim, para receber pagamentos de outros países, você precisará de um banco que faça a conversão da moeda estrangeira para reais. No Brasil, essa operação é conhecida como câmbio. Existem duas formas de realizar esse procedimento:

  1. Bancos Tradicionais: A maioria dos grandes bancos brasileiros oferece serviços de câmbio, convertendo automaticamente os valores pagos em moeda estrangeira para reais e depositando o valor na conta da empresa. Porém, é importante observar as taxas envolvidas, que podem variar de banco para banco.
  2. Fintechs e Corretoras de Câmbio: Outra opção é utilizar fintechs ou corretoras especializadas em câmbio, que geralmente oferecem taxas mais competitivas e processos mais ágeis. Algumas dessas empresas permitem que você receba diretamente em sua conta no Brasil com conversão automática, ou que mantenha contas internacionais para gerenciar diferentes moedas.

Além de escolher um banco que faça a conversão da moeda, é importante que você negocie previamente as taxas de câmbio e verifique quais são os custos adicionais para transações internacionais.

Conclusão

Sim, a sua empresa pode emitir notas para outros países, mesmo sendo optante pelo Simples Nacional. A emissão da Nota Fiscal Eletrônica para exportação é um processo simples, mas requer atenção aos detalhes específicos da legislação fiscal brasileira. Além disso, a emissão de invoice é essencial para as transações internacionais, sendo um documento exigido pelos importadores e autoridades alfandegárias. No entanto, a invoice não substitui a emissão de nota fiscal.

Por fim, para receber pagamentos de outros países, é necessário contar com um banco ou fintech que faça a conversão da moeda estrangeira para reais, garantindo que você receba o valor correspondente no Brasil. Com as ferramentas corretas e o conhecimento sobre as regulamentações, sua empresa poderá operar internacionalmente com segurança e eficiência.

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